sábado, 25 de setembro de 2010

Caminhar

Para começar literalmente, um texto recente, tenho alguns guardados desde muito tempo, mas  preferi esse pois parece estar mais no espírito do início ou do fim, enfim:
Ele decidiu sair para uma caminhada. Saiu tranquilo, nada o incomodava, o tempo não estava ruim e ele foi caminhando, tudo estava correto o calçamento estava satisfatoriamente bom, e ele tinha terminado suas tarefas cedo, não tinha nada para lhe incomodar. Foi admirando a paisagem as pessoas na rua, gente caminhando, gente correndo, umas por esporte, outras por pressa, gente indo embora, gente chegando, gente passeando com seus cachorros, ou com seus filhos, casais de mãos dadas, casais brigando, e tudo parecia tão bonito, tudo tinha harmonia, ele estava maravilhado, se perguntava como ninguém tinha notado aquilo, será que só ele via a beleza daquilo tudo. Ficou tão maravilhado, que não notou o tempo passar, quando olhou para cima, não havia mais o Sol alto e imponente no céu, a noite já despontava. Foi olhar que horas eram, mas percebeu que havia esquecido seu relógio e notou com muita surpresa, seu pulso cheio de rugas, suas mão envelhecida, tocou a face e notou que não era mais o mesmo, que havia saído de casa com 20 anos e envelheceu 40 anos caminhando. O desespero tomou conta de si por alguns instantes, tinha tantas coisas a fazer, queria ver tantas outras coisas, queria viajar, fazer planos. Mas uma coisa lhe veio a mente: Ele tinha terminado suas tarefas antes de sair de casa para sua caminhada, não tinha nem feito planos, porque se preocupar com os que haveria de ter feito então? Ele não chegou a ter esperanças, logo ela não poderia morrer. E depois de notar isso, percebeu que era o homem mais feliz da face da Terra, pois tinha visto a beleza de tudo e não tinha arrependimento, nem sofrimento o bastante que fizesse aquela beleza sumir de sua cabeça. Com um sorriso sua longa e última caminhada terminou.

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